É das baías mais queridas que conheço. Os barquinhos de pesca, o pequeno areal, as árvores, Lisboa ao fundo. O repuxo dispensava-se, mas também não chateia. Amigo da Marginal, passo por aqui vezes sem conta. Gosto mais ao fim da tarde.
À vila propriamente dita ia em miúdo, a casa de uma tia, numa rua que depois mudou de nome. Ainda me lembro do número de telefone. Um dia, da varanda, vimos um veleiro que encalhara no Bugio. Outro dia, provei raclettes. E comi Nucrema.
Estive muito tempo sem pôr os pés nesta terra. Passava de carro e, não fora o paço dos arcos - amarelo e velhinho, quem cuida dele? -, nem me lembraria do seu nome. A baía era bonita e bastava. Até que a vida profissional me trouxe de volta, há três anos e meio. Não trabalho ao pé do mar, mas vejo-o da janela, por trás dos prédios feios que algum autarca-modelo deixou construir. Os prédios onde ficam uma farmácia, um multibanco, um supermercado e até uma repartição de finanças a que já me habituei. A estrada que percorro, quase todos os dias, vindo da estação de comboio, onde um letreiro impediria - caso fosse preciso - que me esquecesse do nome deste lugar.
Paço d'Arcos faz, de novo, parte da minha vida. As vivendas, o café dos Queques da Linha, a Escola Primária que o Governo quer fechar, o cão que às vezes me faz saltar, o comboio-fantasma do Isaltino, caríssimo e sempre vazio, o mercado e a estação de correios são elementos da paisagem do meu quotidiano. Desde que aqui estou, até o quartel dos bombeiros já mudou de sítio. Como não desenvolver sentimentos de pertença?
Ontem estive, pela terceira vez, nas Festas do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço d'Arcos. O jardim que se vê na imagem fica pejado de barracas de feirantes, quiosques de caipirinhas (e caipiroskas, ou até caipivinhos!), cachorros e farturas. Com música surpreendentemente boa em pano de fundo, passase um bom fim de tarde no final do Verão. Não andei no carrossel, mas comprei dois belos livros, comi uma bifana deliciosa, passeei, namorei a baía e não só e fui feliz. E lá somei esta à longa lista das terras a que chamo minhas...
9 comentários:
Também acabei por ir parar muito a essa terra e a gostar de muitas coisas por ali.
O supermercado Joaninha, onde tudo é mais caro, mas lembra-me sempre o ACSantos de São Bento; a praia e o seu bar onde já vimos Portugal ganhar e já apanhámos tantos banhos de sol; as barraquinhas de caipirinhas e os desejos que ficam de comer algodão doce, farturas e churros verdes; as escadinhas dos Bombeiros onde já te esperámos vezes sem conta com a preguiça de subir a ladeira; o Oeiras Parque onde acabo sempre por ir comprar qualquer coisinha, porque é pequeno, simpático e tem uns saldos óptimos; as lombas do centro da vila que nos fazem saltar e que os miúdos adoram (quase tão bom como os túneis de Lisboa!)... o passeio pela marginal e aquela baía apaixonante!
beijinhos que já aí passo
Passei por lá vezes sem conta. Era estudante e ia até ao Estoril onde vivia uma amiga que agora está pelo meu Algarve. Esse Tejo é um encanto.Faz-nos felizes.
Beijinhos
A minha vida também passou por Paço de Arcos mas só porque passei por Paço de Arcos.
Mas do que conheço, as terras da Linha de Cascais são bem bonitas e Paço de Arcos é linha, digo, linda.
Um abraço.
P.S.: Diz-se que o "Eldorado" está cada vez mais giro.
http://oeldorado.blogspot.com
Já tinha saudades de ler-te, Pedro.
Beijinho
Quando eramos crianças, o teu Avô ia duas vezes por semana à Linha ver doentes do preventório da Parede ( tuberculoses e filhos dos ditos) e era um passeio que nos oferecia. Passávamos muitas vezes no Lido de Santo Amaro a comprar um gelado e Paço d'Arcos fazia parte do nosso imaginário, com a sua prainha, onde também tomámos alguns banhos, quando não havia bandeiras azuis. Lá íamos todos - tipo troupe com a Avó Gina e as criadas na nossa VX ( pão de forma), onde cabíamos todos, vestidas de igual, com as boias de pneus, felizes da vida....
Missed you in Coimbra.
Bicas
Passei lá em minha viagem a Portugal, há alguns anos. Sua terra é bem bonita, amigo. Tenho vontade de voltar.
Abraço e até lá.
Sofis, como me fui esquecer da nossa querida Xafarica, com aquela carne brasileira e mergulhos no intervalo dos jogos de futebol! 'bora continuar a descobrir Paço d'Arcos? Um beijo!
Alfazema, o passeio Lisboa-Estoril continua a encantar-me. Dantes era para ir ver os bisavós, agora é sempre que apetece. Mas nunca me canso... Saudades tenho, isso sim, do teu Algarve. Beijinhos e obrigado pela visita!
JP... quem passa, por Alcobaça... ups, é Paço d'Arcos! Passei-me, lol ;)
Ana, isto anda a um ritmo mais lento, mas sempre vai saindo alguma coisa :)
Olá, Tia Bicas! Que giro, é um aspecto da vida do Avô - e de toda a família - que não conhecia! Ternurento o seu relato, e muito visual. Consigo imaginar os oito, de igual, como numa sequência de fotos que tenho penduradas lá em casa e que estiveram muito tempo por cima da minha mesa de cabeceira. Vozes em pequenas, se me faço entender. Estou roidíssimo de inveja por não ter ido a Coimbra... é o tipo de festa que me diz muito e uma rara ocasião para reunir a família, ou grande parte dela. Tínhamos tudo pronto para arrancar, mas vimo-nos obrigados a cancelar, à última hora, devido a uma ordem de repouso absoluto! Há fotos? Se sim, espero-as no meu e-mail, ok? Muitos beijinhos e até breve... tão depressa quanto possamos voltar fazer viagens de carro!
PS: Por falar em gelados, o último passeio que dei pela Linha incluiu uma ida ao velho Santini, cada vez melhor!
Adelaide, venha quando quiser, que é bem-vinda! ;)
Olá Huck
Por acaso à no Sábado da outra semana fui ao Estoril (onde passei a minha infância) por causa de um evento de jogos de computadores (que achei uma graça) e passei por Paço de Arcos, vi a Feira e tive tanta vontade de lá ir, infleizmente tinha um jantar marcado em Lisboa e não consegui ir. Agora ainda fiquei com mais pena, depois de ler a tua descrição. Fica para o ano.
Beijos
Não faltes em 2009, anamoris. Divertimo-nos muito. Mas olha, com feira ou sem feira, aquela baía é sempre uma lufada de ar fresco! :)
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