sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Courrier Internacional n.º153


Não se assustem, que não é nenhum morto-vivo a irromper do solo para celebrar o Dia das Bruxas... é só (e já é tanto!) o Courrier Internacional de Novembro, que saiu hoje. E que dedica a capa à bonança que há-de vir após a tempestade, isto é, ao novo equilíbrio que poderá resultar da crise financeira.

Há mais assuntos em destaque: as cartas de Fernando Pessoa, as implicações do aquecimento global para o turismo, uma viagem à luminosa (e ainda muito portuguesa) Goa, o charme dos espargos, a reinvenção do folclore colombiano, os misteriosos círculos que alguém (extraterrestres?) desenha nas searas inglesas, os perigos dos canais de TV para bebés e um passeio em vol d'oiseau pelo "Arquipélago Europa", um retrato actualíssimo do Velho Continente.

Corram para o quiosque... vá lá, pode ser amanhã, só vos fica bem o gesto de pão-por-Deus!


This is Halloween, de Danny Elfman
(do filme O estranho mundo de Jack, de Tim Burton)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

No meu ninho por engano

Vieram à procura de coisas mirabolantes. Encontraram, porventura, coisas que o não eram menos... Eis, segundo o Statcounter, o que motivou alguns visitantes do codornizes nos últimos tempos.

anteontem 9 anos hoje 12
Ó tempo, volta para trás... dá-me tudo o que eu perdi... Mas, aos 12 anos, ainda há tanto tempo pela frente que a situação não é dramática!

brandi carlile e belinda carlile são família?
Não. Belinda é Carlisle. Brandi tem melhor voz. Dito isto, ambas acabam por ser um pouco iguais a si próprias.

erros meus, má fortuna, amor ardente explicado
Amor explicado não ficará um pouco menos ardente?

fotos de amy winsor
Desconheço... já por aqui passou outra Amy, mas duvido que alguém googlasse fotos dela nesse tom matreiro. Gross!

msn de meninas
Não queriam mais nada! Era isso e telemóveis! E fotos também, já agora!?

mundo da chucha
Esta até percebo, dadas as notícias que inevitavelmente circularam por aí. Mas não, é acessório que não mora cá no ninho. Chuchar, só se for no dedo.

passos para fazer um quadro impressionista
Se eu soubesse não dizia, até porque os impressionistas, coitados, sempre viveram meio na pobreza, não é? Dois deles passaram por aqui recentemente.

qual é a época da truta?
Esteve no codornizes a 20 de Dezembro de 2007, mas sabe bem em qualquer altura do ano.

quero saber a resposta do código secreto do littlest pet shop
Para comprar sweet fluffy microbes e passeá-los pela trela, com certeza.

ver uma cabeça de abóbora no dia das bruxas
Abordagem positiva: há coisas piores para ver no Dia das Bruxas e há dias piores para ver uma cabeça de abóbora.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Fim-de-semana campestre


No doubt, Greener pastures

Would you say they find me unstable
'Cause they see me act a little bit different
But I know my way to greener pastures and

Think about it, won't you think it over
Please

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O voo da codorniz (XXXIII)

Sarrià, Barcelona, Catalunha, Espanha

Um gesto amigo lembra-me outro amigo. Saudades de um acentuam as saudades do outro. A viagem daquele à cidade deste, a que também chamo minha, dá-me vontade de lá voltar. E de aterrar como da última vez, depois de sobrevoar toda a linha costeira, do Llobregat ao Besòs, dos contentores da Zona Franca aos toldos das varandas da Barceloneta, aqui o mar, ali a cidade, lá atrás o Tibidabo, deste lado Montjuïc. Una abraçada, Miquel i Oriol!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dois dardos na codorniz

Duas talentosas bloguistas - a Mateso e a Addiragram - deram ao codornizes este presente. Foi uma surpresa muito gratificante, tanto pelo significado do Prémio Dardos como pelo apreço que merecem as autoras destes tiros pacíficos no ninho. Muito obrigado, só espero estar à altura.

Com o Prémio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Quem recebe o Prémio Dardos e o aceita deve seguir algumas regras:
1. Exibir a distinta imagem;
2. Linkar o blogue pelo qual recebeu o prémio;
3. Escolher 15 outros blogues a que entregar o Prémio Dardos.


Esta última parte é a mais tramada, mas vamos lá tentar aplicar os critérios (felizmente muito abertos). Olhem, o que me saiu foi, sem ordem de precedência:

8ª edição da JRL
À esquerda de Marte da Martini
Algeroz ! do miguel
A ver o mar... da Sophiamar
Beatles forever! da Teresa
Blue Moleskin da Cláudia Santos Silva
Bom jardim do Alf
Dias que voam de vários autores
Lord Broken Pottery de Lord Broken Pottery
O espaço azul entre as nuvens do Mário
O mito do celofane da M.
O privilégio dos caminhos da Júlia ML
Porta do Vento da ana v.
Sub Rosa da Meg
Um lugar ao sol da María del Sol

domingo, 19 de outubro de 2008

Adeus, Mirita

Hei-de olhar à volta da cozinha velha antes de pôr a fruta ao lume. Não propriamente à sua procura. Sei, desde há muito, que não volto a vê-la encostada à mesa de ardósia, o sorriso nos lábios e ainda mais no olhar azul. Mas sei, desde sempre, que vai estar connosco, todos os anos, na odisseia das compotas, marmeladas e geleias. Prometo acompanhar de um sorriso o suspiro que hei-de lançar. Onde quer que esteja, Mirita, quero que sinta o cheiro do açúcar a ferver, à procura de um ponto que aprendi consigo. Um beijinho grande, querida amiga.



Elton John, Skyline pigeon


For just a skyline pigeon
Dreaming of the open
Waiting for the day
She can spread her wings
And fly away again

sábado, 18 de outubro de 2008

Já ia sendo hora...

...de os céus se manifestarem!



Johnny Mathis, When a child is born

Nota: Este quadro impressionista era o que se via da nossa janela há umas horitas. Ninguém me tira da cabeça que a saraivada de calibre malteser foi uma salva de boas-vindas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E assim continua


Paul Simon, Born at the right time

Never been lonely
Never been lied to
Never had to scuffle in fear
Nothing denied to
Born at the instant
The church bells chime
And the whole world whispering
Born at the right time

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

É só isto

Joanne Swansborough
roubado ao blogue O meu cais




Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
espalhem a notícia
do que é quente e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
do ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
bonita

A terra tremeu ontem
não mais do que anteontem
pressenti-o
o ventre de que falo
como um riotransbordou
e o tremor que anunciava
era fogo e era lava
era a terra que abalava
no que sou

Depois de entre os escombros
ergueram-se dois ombros
num murmúrio
e o sol, como é costume,
foi um augúrio
de bonança
sãos e salvos, felizmente
e como o riso vem ao ventre
assim veio de repente
uma criança

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
bonita

Falei-vos desse ventre
quem quiser que acrescente
da sua lavra
que a bom entendedor
meia palavrabasta, é só
adivinhar o que há mais
os segredos dos locais
que no fundo são iguais
em todos nós

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo do mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher

vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
bonita

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Se eu soubesse, dizia-te


Se eu voar sem saber onde vou
Se eu andar sem conhecer quem sou
Se eu falar e a voz soar com a manhã
eu sei...

Vincent van Gogh, Esplanada do café à noite
(Arles, 1888)

Sei que dás por ti a meio do voo e, à falta de melhor conselho, digo-te que esqueças as vertigens. Intuo a tentação de não desceres à Terra entre cada duas nuvens e prometo não franzir o sobrolho julgador. Engulo o arrepio egoísta de não poder dizer se te reservam liras ou trovoadas, chuva ou algodão-doce. Guarda o pára-quedas para outros abismos, na verdade, porque não hás-de continuar a voar, sem mais fim que descobrir o destino do voo?

É quase, verás, como as caminhadas em que me lanço ao deus-dará. Deixo aos pés a condução e acho sempre que vou perceber onde a vida me leva. Às vezes distraio-me a tentar ler o desenho que algum avião ou criatura voadora faz no céu e trauteio aquela canção do Reggiani, que não conheces. Daí, talvez te prenda a atenção o contorno que os meus passos esboçam nas superfícies irregulares que calcorreio. Lembras-te dos livros de passatempos de quando éramos miúdos: una os pontos? Se adivinhares o que é, diz qualquer coisa.

Sei que falas sem saber a que vai soar a voz. Tenho de recordá-lo constantemente à sobrancelha teimosa e a mais do que um coração. Não tem de vir na manhã o teu momento de glória (desde que venha!), já partilhámos minutos pouco memoráveis à mesa dos cafés. Rio sem parar de noites que foram tuas, de destrinçar no teu rosto os rubores distintos dos copos e da história que eles promoveram ou tentaram apagar. Rio quando os nossos dias têm sabor, porque gosto do que acontece em ti.

Banda sonora adicional: A mesma música pela Sara Tavares (num belíssimo blogue), a que gostava que conhecesses e uma que quem tiver de perceber percebe.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Terra molhada


Às vezes a chuva é tão forte
Que a terra, de tão molhada,
Parece cheirar a morte.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Vou p'rá terra...

Toxofal de Baixo (PC, 29 Março 2008)



E antevejo-o nesta canção, de que vos deixo três belas versões, para que digam de qual gostam mais... ai, a falta que me faz o blogue da cara-metade, para estas brincadeiras musicais!







Michael Stipe e Fautline, Greenfields


You can't be happy, while your heart's on the roam
You can't be happy until you bring it home
Home to the green fields, and me once again

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Muito obrigado...

...a quantos têm assinalado o primeiro aniversário do codornizes. Espero que continuem a fazê-lo e, se passarem pelas entradas antigas, deixem lá o vosso ovo. A festa continua, com este número musical: como não poderia deixar de ser, ouviremos a música que abriu este blogue e dele se tornou hino não-oficial.

Luciano Pavarotti, Josep Carreras e Plácido Domingo, Moon river

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O ninho faz um ano!!!


A Terra deu uma volta ao Sol desde que o ninho nasceu. Nunca esperei, mas suponho que deva dizer alguma coisa. Recordemos o dia 8 de Outubro de 2007...

Não um programa muito definido, mas este espaço vai servir para mostrar coisas novas e velhas, em rubricas fixas e móveis. Anima-me a vontade de não deixar que o tempo nos passe ao lado. Ou que a rotina contamine os tempos mortos e mate os tempos vivos.

Foi assim que o codornizes se apresentou, um ano, sem saber bem ao que vinha. Ainda não sabe, mas penso poder dizer que tem cumprido o tal programa indefinido. Por aqui têm passado os bocados de vida que me vai apetecendo partilhar. Não sei se os melhores, sei que certamente não todos. uns que são para mim ou, quando muito, para um grupo íntimo de privilegiados... ainda assim, pousei neste blogue 356 vezes, quase uma por cada dia do ano ora assinalado. O que deve querer dizer que tenho mais coisas a partilhar do que julgava antes de ter entrado nesta brincadeira.

Porque é exactamente disso que se trata: de uma brincadeira. Que é feita a sério e trabalho, mas não se leva demasiado a sérioisso é para a vida em carne e osso e, mesmo assim, com conta, peso e medida. Na blogosfera, a ideia é mais divertirmo-nos. E divertirmos mais alguém, se para tal chegarem engenho e arte.

A festa está aqui e é mais uma brincadeira: cada palavra deste texto é um portal para uma entrada do codornizes. Estão todas, todinhas! A ideia é visitá-las ao calhas. Ainda farão sentido? E os comentários que foram deixados, e que tanto as enriqueceram? Convido-vos a reler um ano de ninho, ao sabor do clique (consertei, para tal, todos os links perdidos).

Experimentei isto ontem e asseguro-vos que passei um bom bocado. Por isso, força! Mesmo que a coisa tenha sido escrita muito tempo, sintam-se sempre à vontade para acrescentar qualquer coisinha. Eu prometo responder... Um ano de codornizes é caso para dizer: Parabéns, leitores. E muito obrigado a todos!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Nymphéas

Claude Monet, Nymphéas
(Musée de l'Orangerie, Paris)

Les nymphéas que font pousser
Les pinceaux de Monsieur Monet
Ont bien le goût de ta beauté
Qu'on cherche à de tout protéger

Paris, 8 Dezembro 2000

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Talvez mais à segunda-feira


REM, Everybody hurts (ouvido pela primeira vez
no Luxemburgo, há muitos anos... thanks, Tia!)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Cais das Codornizes (XIV)

O cais faz um ano. Parece mentira... mas é verdade e, porque o é, apetece-nos festejar. A banda sonora não podia ser mais apropriada. É de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos e merece vozes à altura da música e da letra, preciosas. A Sofia oferece-vos Elis Regina, o Pedro escolheu o próprio Milton com Simone. Liguem o player e que cada um invente o cais onde gostaria de deitar âncora!


Milton Nascimento e Simone, Cais

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar