Tanta chuva depois de tanto sol trouxe-me saudades de "Barna", dos amigos que lá moram, dos momentos inesquecíveis que lá tenho passado, ora só, ora em boa companhia. Decidi-me, por isso, a terminar um poema começado há sete anos, entre um café do Passeig de Gràcia e uma varanda onde nunca está frio.
San Vicenç de Sarrià
Parecem os mesmos do ano passado,
no mesmo sítio (um ano!) e à mesma hora.
Ela no mesmo tom, que vai embora,
E ele geme e está mais gordo (ou mais delgado?).
no mesmo sítio (um ano!) e à mesma hora.
Ela no mesmo tom, que vai embora,
E ele geme e está mais gordo (ou mais delgado?).
Que tenho eu com isto? E porque não
escandir antes o ocre das fachadas,
que dessas há certeza, e as ensaimadas
cheias de açúcar (sacudo-o para o chão)?
Teimosas pálpebras, fiquem caladas!
Se ele chora e ela também, eu canto um fado
Que o santo aplaudirá do pedestal
Pois da montanha ao mar quem desarvora
Há-de voltar, amando, no Mistral
Só para me baralhar a narração.
Barcelona, Fevereiro 2001/Lisboa, Abril 2008
4 comentários:
notável poeta, sem qualquer um dos favores a que a amizade obriga.
E que bom ter conseguido entrar no teu blog sem que o meu PC bloqueasse.
Barcelona inspira...e o resultado é perfeito!
Obrigado, Miguel. Fico contente por teres gostado e por estar resolvida a obstipação codornística. Abraços!
Tens razão, Carla, Barcelona já me inspirou mais de um escrito. Um beijinho!
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