segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Quase toda a gente, um dia...


Nina Simone, Please don't let me be misunderstood

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Courrier Internacional n.º 152


Saiu hoje o número de Outubro do Courrier Internacional. A capa é dedicada àqueles que nem dão pelas crises económicas e financeiras que o mundo atravessa. Os que têm dinheiro para comprar as obras de Damien Hirst (conhecido por conservar tubarões, bezerros, zebras, porcos e ovelhas em formol), entre as quais se encontra a caveira que sorri aos leitores da revista. É toda ela incrustrada om 8601 diamantes, vale 50 milhões de libras (63 milhões de euros) e chama-se For the love of God, expressão utilizada pela mãe do artista britânico ao olhar para a peça em causa.

Além dos ricos, a edição n.º 152 traz reportagens sobre Frýdlant (República Checa), onde Franz Kafka terá encontrado a inspiração para o romance O castelo, e Czernowitz, localidade ucraniana que os judeus inundaram de cultura. Quem tiver curiosidade em saber o que move um terrorista suicida pode ler uma entrevista com Shifa al-Qudsi, que quis sê-lo um dia, mas hoje defende a paz e o diálogo. As cartas de Mariana Alcoforado, o negócio da água engarrafada e a dificuldade dos pássaros das cidades em fazerem-se ouvir são outros assuntos abordados, num número em que também fala Paul Ekman, perito em detecção de mentiras. E o portefólio deste mês mergulha-nos no Oceano Índico, cheio de formas e cores admiráveis.

Se isto não chega para vos fazer correr até ao quiosque, fiquem a saber que a secção multimédia é dedicada a uma nova BD indiana, de que vos recomendo esta amostra. Vá, contribuam para o sustento deste vosso bloguista!



Pink Floyd, Money

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Blogues à quinta (XX)

O meu caisEdição especial de uma rubrica que tem estado ausente. Chegámos aos 20 blogues! A escolha desta semana é deliciosamente parcial, mas teve um critério objectivo: há muito tempo que a dona do blogue não protesta por aquele ainda não ter sido contemplada. Só por isso, já merece aqui estar.

Por isso e por muito mais. O cais da Sofia K. tem a imagem de marca mais bonita da blogosfera (foto do cais com mar muito azul). Nasceu uma semana antes do codornizes e prometeu ser o lugar onde tudo chega e de onde tudo parte. E foi mesmo daquele blogue que partiu a inspiração para a criação deste. Ah, só para concluir a declaração de interesses, aquela bloguista é a outra metade da vida deste...

Este blogue capta tudo com muita atenção: paisagens, sons, aromas, palavras. Presenteia-nos com canções e poemas de outros, mas é quando mostra a sua lavra que maisgosto lê-lo, a sério. Mesmo a sério. Acreditem! E confirmem. Que tal?

São bocadinhos da vida da autora (com adequado equilíbrio entre exposição e contenção), capazes da dar mais vida aos instantes em que os partilhamos. Somados, formam um cais seguro, de madeira "que ginga mas não cai", como um dia escreveu um dos seus comentadores. É bom de aportar.

Viajando agora, como é hábito, pelas últimas ondas que bateram no molhe, temos uma música ternurenta, as boas-vindas da estação, o fim das férias, apontamentos sobre tempo e estrelas de amizade. Um único reparo: isto merecia ter tido continuidade! Por fim, e porque este blogue desperta em mim recordações muito queridas e saudades de amigos que já cá não estão, chamo a atenção para a seguinte trilogia: I, II, III.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O voo invejoso da codorniz (XXXII)

Avenue des Champs-Élysées, Paris, França

Que os quatro que por lá andam respirem bem a cidade. Que este que cá ficou a roer-se possa fazê-lo um destes dias. E que não tarde a encomenda, que só podia vir dali.

Joe Dassin, Aux Champs-Élysées
NOTA: Mais Paris no codornizes aqui, ali e acoli.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Esse negócio de equinócio

Virgínia Cordeiro Barros, Outono (pastel)

Chamam a este tempo singular "queda da folha". É o fall dos americanos, estação de neuras que alguém fará o favor de dizer se são pós-estivais ou pré-invernais. Diz que é por agora que mais cabelo cai e mais gente se mata... mas chamam-lhe também Outono, que vem de autumnus, palavra latina cujo radical aut- se associa ao gótico aud-, ao saxão ōt-, ao inglês arcaico ēat-. Todos eles significam "próspero, rico e feliz".

Escolher o quê? A explosão de ocres que já aí anda e que um dia gostava de ver na Nova Inglaterra - tão do agrado da autora desta pintura e minha querida Tia - ou a vasta gama de cinzentos que vai anexando o céu? A primeira chuva é bálsamo purificador ou balde de água fria num corpo ainda rescendendo a sol de Verão? Será o maior recolhimento triste sintoma de menos luz ou ocasião para gozar compotas, cereais e vinho?

Dois consolos: a dialéctica não é estrita e nem sempre o ónus da escolha recai sobre nós. Se houve anos em que só a contragosto troquei o gelado de pau pela pêra-rocha e em que o abraço amigo de uma camisola me soube a asfixia, outros vivi - como o corrente - em que nem toda a força de vontade do mundo posta ao serviço de um absurdo desejo de estar triste o lograria.



Les cowboys fringants, Toune d'Automne


Anyway chu content que tu r'viennes
T'arrives en même temps qu'l'automne

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Baú das codornizes (XI)


Falta uma lua...

e a mim apetecia-me fazer como a vaca!

NOTA: Na imagem, a canção de embalar Hey Diddle Diddle, do livro Mother Goose, com ilustrações de William Wallace Denslow (pode ser descarregado aqui)

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Há amigos que percebem quase tudo

Como o Tiago, a quem deverão ser dirigidos elogios (seguramente) ou reclamações (tenho sérias dúvidas) a propósito do seguinte vídeo. Um abraço, caríssimo, para te acompanhar por longas ruas ventosas.
The Beatles, The long and winding road

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Últimos cartuchos

Ontem, numa estrada de ondas, um cheiro a maresia. Permaneceu depois de me ter metido terra adentro. Ocupou-me o nariz, feito um posseiro, até de manhã. Trago-o numa celebração do Verão já extrema-ungido.

Laurent Voulzy, Derniers baisers

Le soleil est plus pâle
Et nous n'irons plus danser
Crois-tu qu'après tout un hiver
Notre amour aura changé?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Para dois amigos


Prata (Ag): elemento 47 da Tabela Periódica (grupo 11, período 5, bloco d). Metal de transição, peso atómico 107,8682 g·mol−1, densidade 10,49 g·cm−3, ponto de fusão 961,78ºC, ponto de ebulição 2162ºC


Valor: inestimável


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Admissão de cansaço


Tina Turner, I don't wanna fight

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Codornizes desorientadas


Vem cá parar cada maluco... chegam aqui à procura das coisas mais estranhas, mas são todos bem-vindos. Quanto mais não seja pelas gargalhadas que me proporcionam, via Statcounter.

a palavra gulda vem da onde?
E vai pa onde? É que no dicionário não consta...

como faço para esticar o cabeçalho do meu blogspot
Já ouvi chamar-lhe coisas piores. Ora, experimente um certo comprimidinho azul, que dizem que faz milagres.

decoraçao de natal shoping monet santa maria
Acho cedo para pensar na quadra natalícia, mas aprecio o estilo festividade-fusão.

nomes em ingles de cavalos
Assim de repente, lembro-me do Jolly Jumper, do Silver e da fabulosa cena do My fair lady (outra paixão), em que damas de leque e chapéu desmaiam quando Eliza Doolittle diz «Come on, Dover, move that bloomin' ass!»

ojos arriba chocolate
Mentira. Fartei-me de olhar para arriba e só obtive risos dos colegas de trabalho. Não se faz!

palavras da canção eu vou a todas
Já nem me lembrava que o ilustre José Malhoa passou por este blogue... e sim, até sei o refrão, ou não fosse fã das festas do Toxofal, Ferrel e Atalaia: Quando a festa começar / E se tu fores o meu par / Eu vou a todas. As músicas, claro. Há outra versão, mais porca, mas não digo.

pedro abrunhosa e aleluia
Quéisto? Um concurso para encontrar uma interpretação mais rouca do que a do Cohen?

poema para dez anos de casamento
poema sobre espirito olimpico
poemas sobre a infância de uma adolescente

Mas isto agora é um quiosque poético ou quê? Querem um soneto sobre o espírito olímpico que é preciso para aguentar dez anos de casamento, mantendo o adolescente que somos e toda a inocência da infância? F*ck off!

relações de animais com escama
Nem vou entrar nesta. Prefiro peles mais macias.

tatiana codorniz
Era um nome giro para uma mascote deste blogue. Já a imagino a dar à cauda, cantando José Malhoa...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O voo da codorniz (XXXI)

Paço d'Arcos, Portugal

É das baías mais queridas que conheço. Os barquinhos de pesca, o pequeno areal, as árvores, Lisboa ao fundo. O repuxo dispensava-se, mas também não chateia. Amigo da Marginal, passo por aqui vezes sem conta. Gosto mais ao fim da tarde.

À vila propriamente dita ia em miúdo, a casa de uma tia, numa rua que depois mudou de nome. Ainda me lembro do número de telefone. Um dia, da varanda, vimos um veleiro que encalhara no Bugio. Outro dia, provei raclettes. E comi Nucrema.

Estive muito tempo sem pôr os pés nesta terra. Passava de carro e, não fora o paço dos arcos - amarelo e velhinho, quem cuida dele? -, nem me lembraria do seu nome. A baía era bonita e bastava. Até que a vida profissional me trouxe de volta, há três anos e meio. Não trabalho ao pé do mar, mas vejo-o da janela, por trás dos prédios feios que algum autarca-modelo deixou construir. Os prédios onde ficam uma farmácia, um multibanco, um supermercado e até uma repartição de finanças a que já me habituei. A estrada que percorro, quase todos os dias, vindo da estação de comboio, onde um letreiro impediria - caso fosse preciso - que me esquecesse do nome deste lugar.

Paço d'Arcos faz, de novo, parte da minha vida. As vivendas, o café dos Queques da Linha, a Escola Primária que o Governo quer fechar, o cão que às vezes me faz saltar, o comboio-fantasma do Isaltino, caríssimo e sempre vazio, o mercado e a estação de correios são elementos da paisagem do meu quotidiano. Desde que aqui estou, até o quartel dos bombeiros já mudou de sítio. Como não desenvolver sentimentos de pertença?

Ontem estive, pela terceira vez, nas Festas do Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço d'Arcos. O jardim que se vê na imagem fica pejado de barracas de feirantes, quiosques de caipirinhas (e caipiroskas, ou até caipivinhos!), cachorros e farturas. Com música surpreendentemente boa em pano de fundo, passase um bom fim de tarde no final do Verão. Não andei no carrossel, mas comprei dois belos livros, comi uma bifana deliciosa, passeei, namorei a baía e não só e fui feliz. E lá somei esta à longa lista das terras a que chamo minhas...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Courrier Internacional n.º 151

Em dia de regresso ao trabalho, façamos um pouco de publicidade: o número de Setembro da minha revista está disponível desde sexta-feira. Este mês dedicamos a capa à procura de civilizações extraterrestres. A existirem alienígenas, dizem os peritos, serão completamente diferentes daquilo que imaginamos... outros temas em destaque são o bairro lisboeta de Santos, destino cada vez mais in, a candidatura do comediante Al Franken ao Senado americano, as manifestações dos frades franciscanos de Toulouse contra as desumanas condições de detenção dos imigrantes ilegais e a prostituição na ilha de Java. Leiam ainda um ensaio do italiano Edmondo Berselli contra o actual estado da televisão, um périplo pela história do povo cigano, uma reportagem sobre o negócio dos produtos halal e uma receita de gelado de alfazema. E vejam fotos sobre como se faz um monge na Tailândia. Tudo isto no Courrier Internacional. Depois digam se gostaram!



Joe Satriani, Surfing with the alien