segunda-feira, 7 de abril de 2008

San Vicenç de Sarrià

Plaça de San Vicenç de Sarrià, Barcelona (foto PC, Agosto 2005)

Tanta chuva depois de tanto sol trouxe-me saudades de "Barna", dos amigos que lá moram, dos momentos inesquecíveis que lá tenho passado, ora só, ora em boa companhia. Decidi-me, por isso, a terminar um poema começado há sete anos, entre um café do Passeig de Gràcia e uma varanda onde nunca está frio.

San Vicenç de Sarrià

Parecem os mesmos do ano passado,
no mesmo sítio (um ano!) e à mesma hora.
Ela no mesmo tom, que vai embora,
E ele geme e está mais gordo (ou mais delgado?).

Que tenho eu com isto? E porque não
escandir antes o ocre das fachadas,
que dessas há certeza, e as ensaimadas
cheias de açúcar (sacudo-o para o chão)?

Teimosas pálpebras, fiquem caladas!
Se ele chora e ela também, eu canto um fado
Que o santo aplaudirá do pedestal

Pois da montanha ao mar quem desarvora
Há-de voltar, amando, no Mistral
Só para me baralhar a narração.

Barcelona, Fevereiro 2001/Lisboa, Abril 2008

4 comentários:

miguel disse...

notável poeta, sem qualquer um dos favores a que a amizade obriga.
E que bom ter conseguido entrar no teu blog sem que o meu PC bloqueasse.

Carla disse...

Barcelona inspira...e o resultado é perfeito!

Huckleberry Friend disse...

Obrigado, Miguel. Fico contente por teres gostado e por estar resolvida a obstipação codornística. Abraços!

Huckleberry Friend disse...

Tens razão, Carla, Barcelona já me inspirou mais de um escrito. Um beijinho!