Correio azul, de Sérgio Godinho
Manda-me uma carta em correio azul
p'ra afastar estas cinco nuvens negras
relembra-me as regras
do saber viver
repõe-me o sentido nos sentidos
olfactos
ouvidos
à vista
de tactos
do teu paladar
Manda-me uma carta em correio azul
p'ra afastar esses blues de pacotilha
renega e perfilha
respectivamente
a torpe indiferença
e o amor ardente
amor tão ardente
que dos erros meus má fortuna se ausente
Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente
Manda-me uma carta em correio azul
que me deixe a face roburizada
promete-me a noite fatigada
de termos aberto o nosso nexo
ao sexo
da vida
porção destemida
da nossa emoção
Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente
Manda-me uma carta em correio azul
que branqueie o passado num momento
paixão é no corpo o sentimento
que faz da razão montanha russa
aguça
o encanto
mas no entretanto
faz estragos mil
Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente
Manda-me uma carta em correio azul
para eu guardar no castanho dos armários
no meio de testemunhos vários
escritos por letras tão distantes
murmúrios amantes
que a vida me oferece
só por muito amar
Erros meus, má fortuna, amor ardente
qual em nós mais frequente
qual em nós mais frequente
amor ardente
cada vez mais frequente
6 comentários:
Continuas fã!!!
Não há amores ardentes sem erros... mas embora não se branqueie o passado num momento, nem sempre ganha a má fortuna.
Beijinhos
Mais frequente amor ardente, é em vós mais frequente...
beijinhos
Continuo fã do Sérgio Godinho, sim, mas também da minha prima cvd recém-bloguista, da madrinha sempre atenta e dos carteirs que trazem cartas de amor em correio azul. Um abraço a todos!
Esqueci-me de dizer: excelente título, sr. jornalista!!
SG... efectivamente gigante. Amei!
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