quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quero um ministro assim!

Segunda parte das memórias da Bela Vista - 29 Maio 2004


Doze horas depois do êxtase mccartniano, já estávamos de novo no Rock in Rio. O segundo dia foi o da abertura oficial, com Joana Carneiro a conduzir a Orquestra Metropolitana de Lisboa num périplo que foi de Assim falava Zaratustra a Imagine. Como chegámos cedo, ainda assistimos ao ensaio geral, com a maestrina a dar-se conta de que, além da Metropolitana, estava em palco um grupo Afro Reggae que era preciso integrar na peça. Prova superada com louvor e distinção, diga-se...

Seguiu-se Gilberto Gil, "aquele preto de que a gente gosta", num concerto de ritmos tropicais que pôs toda a gente a dançar. O calor de Maio - que foi dele este ano? - e a novidade do festival entusiasmavam o público. Ficámos na primeira fila, onde um cartaz resumia o sentimento de todos: "Quero um ministro assim!". Para quando, meu Deus, para quando?!

Gilberto Gil, Andar com fé/Aquele abraço
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 29 de Maio de 2004)

O seguinte no cartaz era Rui Veloso. Tem músicas excelentes, é verdade, mas há quase 20 anos que não lança uma canção que valha a pena... resolvemos ir à Tenda Raízes ver os Habana Abierta, com passagem pela zona dos jornalistas, onde eu recolhia deliciosas - e gratuitíssimas - baguetes que nos serviam de combustível. Tivemos, ainda assim, a sorte de atravessar o parque, diante do palco principal, no momento exacto em que Rui tirava do chapéu esta maravilha.


Rui Veloso, Porto Côvo
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 29 de Maio de 2004)


Veio, depois, um dos dois grandes senhores da noite: Ben Harper, com os Innocent Criminals. Recordei a primeira vez que o vira, no Coliseu, a convite de uns primos do Porto e sem nada saber sobre o sujeito. Devo-lhes a descoberta de um excelente artista, que soube bem revisitar na Bela Vista.

Ben Harper & The Innocent Criminals, Diamonds on the inside
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 29 de Maio de 2004)

O dia acabou com Peter Gabriel, que entrou em palco dentro de uma bola de luzes e provou que antiguidade é posto, mas não obstáculo. Derreados das andanças de todo um dia, vimo-lo refastelados nos poufs, deitando o olho ora ao palco, lá em baixo, ora a um ecrã gigante mesmo ali ao lado. As cervejas iam rolando, houve quem passasse pelas brasas, mas logo encontrámos um colega da cara-metade, com surpresas que nos deram ânimo para rematar a noite, na Tenda Electrónica. Não encontrei vídeos de Gabriel em Lisboa, mas cá vai uma das minhas preferidas.


Peter Gabriel, Solsbury Hill

4 comentários:

vieira calado disse...

Para os nossos ministros a boa música é outra:
sacar... sacar...
Um abraço.

Huckleberry Friend disse...

Sem dúvida, poeta... um abraço também, que esses ainda são de borla!

dade amorim disse...

o que seria da vida sem música?
abraço grande pra você.

Huckleberry Friend disse...

Outro abraço, de uma margem à outra do Atlântico, Adelaide. Com muita música, claro! Beijinhos.