Meu caro amigo,
Esta terra de ninguém tem sido muitas vezes a capital de bons momentos passados.
Aliás o título não poderia ser mais correcto porque não há "nada" como o charme decadente dos sítios que sobrevivem dignamente apesar de desgastados pelo tempo, pelos maus hábitos e pela crueldade do ordenamento humano do território.
Marvila é um desses sítios, marginal por definição, por vezes rude, outras algo exótica... Enfim, somos conquistados pela sua alma, pelos seus recantos inesperados e por aquela luz subtilmente diferente das outras desta cidade (só os verdadeiros lisboetas conhecem estes cambiantes da luz...)
Para quem não sabe, eu sou lisboeta. Aliás sou um lisboeta orgulhoso, que se considera conhecedor da sua cidade
E talvez tu não saibas Pedro, mas há uns anos, não sei precisar quantos - talvez três antes do ano da Capital do Nada, foste tu que me despertaste a atenção por Marvila. Pela tua mão os seus nomes, recantos e lugares ganharam um lugar especial no meu léxico lisboeta...
Sugestão de voo para que não conhece (ou conhece mal) este não-lugar:
Desviem o vosso curso habitual na rotunda do relógio, virem para Chelas e sintam o prazer único de descer e serpentear pelo vale de Chelas em direcção a Marvila, passando pelo Beato. Se, ao passarem por baixo da ponte ferroviária, se sentirem invulgarmente sorridentes e descontraídos, se a viagem "vos bater", é óbvio que são lisboetas. Se não forem, passarão a sê-lo honorariamente... bem vindos ao clube, bem vindos à Capital do Nada.
Pedro...
...Obrigado.
2 comentários:
Ora, belíssima missiva, com esta nossa querida Lisboa por fundo. Tentarei seguir o conselho do Tiago, levando os meus filhos à descoberta da "capital do nada"
Miguel, uma ou mais caminhadas por Marvila assentarão que nem uma luva ao fidelíssimo amante da capital e incansável passeante que és. Um abraço!
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