O Baleal estava sem sol, o Baleal estava sem gente, o Baleal estava sem carros. O Baleal estava sem nada. O Baleal estava lindo, o mar de chumbo, a areia de cobre, the Germans wore grey, you wore blue. Em cinco minutos, mostrámos a um amigo a terra onde tudo. A terra onde nada. A terra onde nado ou nadamos, mas ontem não. Só uma voltinha, só mais um encanto. E um poema dos velhos.
Encontrar um ponto
Atracar num porto
Esperar o sol posto
Inventar um conto
Gozar o conforto
De seres meu encosto
A areia é a ponte
O mar passaporte
Para onde se goste
De estar, é a ponte
A capela, o forte
E tu, onde foste?
Na praia, indolente
Espera por que chegues
Ali, não lhe negues
O prazer dormente
De o remar ao largo
Se o ontem é amargo
Inspira o ar quente
Deixa que circule
Cheira a mar salgado
Nostalgia azul
Na rota que segues
A ilha é presente,
Atrás é passado
Baleal, 15 Janeiro 1995
13 comentários:
Com um tempo tão cinza o Baleal só podia estar mesmo deserto mas ...assim ainda fica mais bonito!!
Beijinho grande
Isto é concorrência desleal... é de pirraça por eu não ter ido no sábado, não é?
Não deu. Mesmo. A Ana deve ter-te dito porquê. E já sei que foi pantagruélico - cenário que, como toda a gente sabe, eu não gosto nada...
Não me posso ir embora sem ir à ilha!
Acho que não agradeci a confiança em me considerares "persona grata" a este canto e o trajecto todo explicadinho para lá chegar!
Percebo a preocupação de não expôr o Baleal em demasia... sei o que aconteceu na Aldeia do Meco, para onde vou há muito e que agora está impossível! Só se está lá bem durante a semana...
Olha a Sandy a comentar! Não resististe às ameaças, estou a ver! Sabes que foste citada num comentário lá do meu cais? beijinhos para ti
Mad. nem imginas o que perdeste! Eu fiz a empada sabias? E muito mais... foi um banquete! Agora só me restam os travesseiros para me consolar do fim da festa! Dieta? É melhor deixar isso para quando acabar a dose que a mana trouxe!
Huck, lindo mesmo estava esse Baleal! Gosto dele assim cinzento e quase só para nós! O mar lindo e sem convites a banhos, a chuva a potes deixa apenas a lembrança dos banhos de chuva, onde a água é sempre mais quentinha! Quase volta dos tristes ao Domingo... mas não... adorei o passeio!
O poema maravilhoso... já conhecia! A tua memória trá-lo à baila muitas vezes! beijinhos muitos
E que bem boa que estava, essa empada(assim como tudo o resto, em espacial a companhia).
Baleal, apesar de experiências anteriores, aprendi a admirá-lo e apreciá-lo através de alguém. Com chuva ou sol, cinzento ou azul, é sempre belo.
Abraço.
Mas agora o casal Sandy e Ludgi mudou-se para este ninho? Olha que o meu cais tem ciúmes!
beijinhos aos dois
A primeira fotografia, é um perfeito espectáculo!
Olhem lá? julgam que estão sózinhos aqui pelos comentários?
Não veêm a inveja que estão a fazer?
(sorrisos muitos)
Já prometi aos meus filhos, experimentar a tarte Sissi, apesar de não ter os pós perlim-pimpim.
Saudades do Baleal. Inexplicáveis, depois de tantos anos? Longe da vista, sim, mas sempre perto do coração. Só não fui lá ainda porque já era muito tarde, no sábado.
Sobre o poema, digo o mesmo do costume: e publicá-los, quando?
Obrigada, Pedro (e Sofia, claro), pelo almoço delicioso e companhia melhor ainda. Tudo óptimo, uma ternura.
Beijinhos
Pois...é manhãzinha e volto a esta entrada e também à mais recente da Sofia ( a dos miminhos ). São duas entradas belas, cada uma à sua maneira. Esta tem uma introdução e não sei que dizer: se melhor da introdução , se da grandiosidade desse poema de talento. Não é para agradecer nem para ires já comentar no algeroz.E aquele teu comentário do lanche do Toxofal? É de entrada também e das boas!
Sandy, bem-vinda, por fim, a este ninho, onde serás sempre bem acolhida! Gosto de partilhar contigo boas recordações, lugares que nos são queridos, pessoas de quem gostamos (no nosso caso, felizmente, esse baú está cheio até cima!). Continua, pois, e não te deixes impressionar pelos ciúmes de certas meninas.
Mad, já disse de pirraça, nada! Haverá outros sábados pantagruélicos e, mais importante, balealenses. Não adies!
Su, desde que prometas não alargar demasiado o círculo...
Sofia, passados três dias ainda vives de uma glória justamente conquistada. Mereces, só espero que a catrefada de elogios te faça renovar outra e outra vez o esplendor das mãos, da boca, do coração... Não te chateio com a dieta, pois tu própria definiste o momento para começar e já hoje deitei fora uma caixa de cartão vazia!
Lindo o Baleal, mas tão efémero, Sofiazinha... quem nos dera lá, com tempo e sem esse teimoso "quase". O poema traça uma paisagem à espera de ser povoada. Não está vazia, estou nela algures, tomei-a de assalto. Requisitos para franquear a porta a outr@s? Coragem para pegar no barco a remos, golpe de vista para descobrir em que rocha espero pela boleia, abnegação e elegância para que caibamos os dois na embarcação sem a mesma ir ao fundo.
O horizonte é, felizmente, mais amplo do que o do divertido lago da Casa de Campo de Madrid, onde pouco mais se pode fazer do que dar voltas, apanhar com o repuxo e assustar os patos. Ou dormir ao sol, ou não estivesses lá tu. Do Baleal podemos (pudemos) largar amarras para outros voos. Até à Ilha das Pombas? Ao Ilhéu de Fora? Às Berlengas? Às Estelas, que nunca vemos? Aos Farilhões? Porque é que todas estas rotas ainda me parecem míopes? There's such a lot of world to see...
Lud, foste, és, serás cada vez mais uma peça imprescindível do xadrez que as vidas - a tua, a minha e a de pelo menos outras duas pessoas - vão desenhando sobre uma folha de papel, ou mesmo uma folha larga de uma qualquer planta que encontremos no Toxofal. No Baleal, é sabido, crescem chorão, chorina e uma figueira periclitante. Talvez numa folha dela, a leite de figo, escrevamos um dias as memórias dos bons tempos que ainda lá vamos passar. Repito o conselho dado à Sandy: que as "bocas da reacção" não vos façam largar este ninho, que não dista assim tanto de um certo cais.
Marta, a tarte Sissi e o Baleal são delícias que uma boa mãe deve proporcionar aos filhos. Magia há sempre, desde que a saibamos procurar...
Ana, saudades inexplicáveis e sem necessidade de serem explicadas! A nostalgia azul começa quando atravesso o pontão... um dia torná-la-ei mais pública, descansa ;) E não agradeças o almoço, aceita que agradeçamos a tua companhia (e os travesseiros!) com um beijinho.
E a tua, Miguel. No sábado e hoje, no Toxofal, no codornizes e nesse Baleal que tão bem compreendes. Um abraço.
O Baleal é amálgama de cheiros, águas, sentires e memórias. É lindo!
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