terça-feira, 6 de maio de 2008

Músicas que ficaram (VII e último)

A ordem alfabética concatena três colossos, chave de ouro para a série musical que a Martini inspirou há mais de dois meses. Temos vindo a divulgá-la a conta-gotas e, para quem não se lembra, o desafio era dizer que músicas nos marcaram na adolescência.

Abrimos o fecho com o concerto mais emblemático de Simon & Garfunkel. Quem não gostaria de ter lá estado? Devia ter 10 anos quando comecei a ouvir este álbum - em casa, em vinil; na rua, em cassete -, que teve o mérito de quebrar a hegemonia beatlesca que havia nas minhas playlists, sem contudo reduzir o apego aos Fab Four, bem entendido. Tive a sorte de ir a concertos de Tom and Jerry ao vivo e o azar de os ter aplaudido por separado. Vi Simon em Alvalade, em 1991, com ritmos brasileiros e africanos a apimentar músicas novas e velhas, e Garfunkel em 1997, no Coliseu, cheio de boa vontade e simpatia, mas a acusar a passagem dos anos. Para hoje, escolhi a minha música preferida deste duo. Sempre gostei de a cantar àqueles de quem gosto, em voz alta ou cá dentro.


The concert in Central Park, Simon and Garfunkel
(Bridge over troubled water)

Prossegue a última entrega com o Sir mais Sir da música da Velha Albion. Reginald Kenneth Dwight, o gajo dos óculos e do piano, que alguém comparou a Mozart, fazendo-me rir até ter visto isto. O homem é genial, vestido de Pato Donald ou com fatos do amigo Versace, em discos históricos como Goodbye Yellow Brick Road ou na banda sonora d'O Rei Leão, e não me importa que por ser fã dele me chamem piroso. Foi mais um dos que tive a sorte de ouvir ao vivo (Alvalade, 1992), num inesquecível Verão quente em que passei o resto das noites a ouvir a faixa que aqui vos deixo.


The very best of Elton John, Elton John
(I guess that's why they call it the blues)

Para o fim, o finzinho mesmo, ficaram os Guns. Quando apareceram, com o álbum duplo que me marcou (a outra capa era azulada), estava este vosso bloguista (e assim permanece) longe de ser o género de menino que deles gostava. Mas gostava. Pela música, não por sentimentos de pertença tribal. Ao ouvir as baladas destes tipos, irritava-me que os conotassem sempre com botas da tropa, moches e arruaceiros de cabelo comprido, por muito que a imagem seja justa. As outras faixas, mais mexidas e cheias de motherfuckers e kick your ass, divertiam-me. Cheguei a saber de cor o discurso hilariante que Axl Rose faz a meio do Get in the ring. Não vi esta malta em Alvalade, nos anos 90, mas vi-os no último Rock in Rio. Velhos, gordos, sem Slash, há dez anos a prometer novo disco sem cumprir, mas ainda assim os Guns 'n' Fuckin' Roses que os meus pais não suportavam no rádio do carro. Pulei, dancei e cantei. E abracei-me a quem de direito ao ouvir este tesouro.


Use your illusion I e II, Guns 'n' Roses
(Don't cry - versão original)

Finda a faena, aqui fica a lista dos álbuns e músicas que marcaram a minha juventude. Ou melhor, dos que o clima e o estado de alma me levaram a escolher no dia em que tal me foi sugerido. Hoje, poderia haver diferenças na lista. Mas nunca seriam de monta.

Abbey Road, The Beatles (Because)
Ainda, Madredeus (Guitarra)
Brothers in arms, Dire Straits (Your latest trick)
Chico e Caetano juntos e ao vivo, Chico Buarque
e Caetano Veloso (Você não entende nada)
Dia de concerto, Rio Grande (Queda do Império)
Filhos da madrugada cantam Zeca Afonso (Canto moço)
Greatest hits, Leonard Cohen (Suzanne)
Imitação da vida, Maria Bethânia (Meu amor é marinheiro)
Le meilleur de Herbert Pagani, Herbert
Pagani (Concerto pour Venise)
Live at Wembley '86, Queen (Bohemian rhapsody)
Moustaki au Dejazet, Georges Moustaki (Le métèque)
Out of time, REM (Losing my religion)
Pano-cru, Sérgio Godinho (Segundo andar direito)
Phados, Lula Pena (Fria claridade)
Próxima estación... Esperanza, Manu Chao (Me gustas tú)
Reggiani en public, Serge Reggiani (Sous le pont Mirabeau/Et puis)
São demais os perigos desta vida, Vinícius
e Toquinho (Regra três)
Sea airs, Rick Wakeman (The sailor's lament)
The concert in Central Park, Simon
and Garfunkel (Bridge over troubled water)
The very best of Elton John, Elton John
(I guess that's why they call it the blues)
Use your illusion I e II, Guns 'n' Roses
(Don't cry - versão original)

2 comentários:

Martini disse...

Com excepção de Guns&Roses (que fui sempre absolutamente incapaz de ouvir) e Manu Chao diria que foste um adolescente muito adulto :) Ou então é a forma como olhar para trás! Que isto o passado é sempre diferente à luz dos dias de hoje.
Agora pergunto-te o que te ficou dos anos 90? E não me digas que foi G&R porque os anos 90 foram muito mais que isso:P

Um beijinho

Huckleberry Friend disse...

Martini dear, é verdade que, no que à música toca, sempre tive queda para as velharias. Curiosamente, talvez mais na adolescência do que agora. Tenho-me tornado mais aberto e isso só me faz bem. Ora, dos anos 90... deixa cá ver... pus os Madredeus e os REM, podia acrescentar Red Hot, algo de Metallica e Aerosmith, No Doubt, Cranberries, Jeff Buckley, sei lá! Olha, falta o álbum Viagens do Abrunhosa, dou-me conta agora. Espero não ter cometido muitas heresias nem ter fugido à pergunta. Muitos beijinhos!