Susana Germade, Abandono (Fado Peniche),
com letra de David Mourão-Ferreira
Há bons e maus nisto das democracias e ditaduras. Podem dizer que nem tudo é a preto e branco, que eu subscrevo, mas é cristalino para mim que democracia é bom e ditadura é mau, pouco importando se estas últimas se dizem de esquerda ou de direita. Também tenho como bastante certo que a ditadura tacanha de Salazar, Caetano, Tomás, Kaúlza e outros prejudicou Portugal. O PREC também? É verdade. Felizmente, durou menos.
Parece-me absurdo que 35 anos não tenham chegado para se criar um Museu do Estado Novo. O projectado Museu Salazar de Santa Comba Dão preocupa-me menos do que a inexistência de um outro, que nos "conte como foi". Da idiota (re)inauguração, no próximo sábado, de um Largo Salazar nessa terra, digo o mesmo que aqui li: uma das conquistas de Abril é, para bem ou para mal, o direito ao mau gosto. E a PIDE não vai bater à porta do autarca que teve tal ideia.
2 comentários:
Difícil é encontrar uma relação entre as comemorações de Abril e a inauguração do Largo Salazar, pois então...
Percebo que seja substancialmente mais barato um largo do que um museu, mas acho que bastaria um espaço infraestruturalmente adaptado para receber o museu do Estado Novo... Enquanto há ex-PIDE vivos era aproveitar para arrancar alguns testemunhos. Sempre se começaria por algum lado...:)
Agora esta da inauguração do largo no dia 25... Será que vamos ter a figura de Salazar a desfilar Avenida Liberdade abaixo em cima de um carro de combate vestido de Baiana? Afinal, o que é que uma coisa tem que ver com outra?
Adorei a imagem da baiana, Zé! É claro que a ideia de incluir a reabertura do largo no dia 25 de Abril é provocatória. Mas, como realçava, ontem, o artigo do Ferreira Fernandes, nem essa provocação é assumida. É como há uns anos, quando o Governo Durão/Portas resolveu dizer que "Abril é evolução", em vez de "revolução". Comemorei o dia, dessa vez, acrescentando um grande R num dos cartazes. ABraço.
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