sexta-feira, 24 de abril de 2009

Contagem decrescente para o 25 de Abril - 2


José Carlos Ary dos Santos, As portas que Abril abriu
(são excertos, mas vale a pena lerem o poema todo aqui)

Em 1974 eu não era sequer projecto. A Revolução foi-me contada pela família e pel@s amig@s, que a viveram intensamente, cada um a seu ritmo, em liberdade. E que souberam transmitir aos pósteros os valores que Abril abriu. O poema de hoje, mandou-me o meu Tio Filipe, homem de terra e mar, patriarca que admiro, figura de referência a quem deixo um abraço com a força de um cravo.

3 comentários:

Pat disse...

Pois, meu querido, tu nem projecto eras, eu tinha 8 anos e lembro-me como se fosse hoje. Ainda vibro, arrepio, choro, quando oiço o "Grandola" e "Depois do Adeus", fico mesmo emocionada. Mesmo com 8 anos o 25 de Abril foi um grande marco. Tinha aprendido, na escola e com os meus pais, o que queria dizer repressão, fascismo, o que representava a PIDE, o que acontecia aos "descontentes" com o regime actual.
Na noite de 24 para 25 de Abril, estava eu ainda acordada (as malditas insónias que me acompanham desde que nasci), quando ouvi um burburinho na sala e o rádio a tocar mais alto, levantei-me e os meus pais explicaram-me o que se passava, claro está, já não voltei para a cama, nem á lei da bala :)
Contei aos meus filhos como era viver nessas tempos, no antes. No terror que sentia quando os meus pais saiam à noite e eu achava que se demoravam. Muitas vezes tive medo que eles fossem presos.
Portanto, devem compreender tudo aquilo que, ainda hoje, sinto em relação ao 25 de Abril.
Podia contar milhentas histórias da época. Lembro-me quando a Tia Bicas se casou eu fui passar uns dias com ela, ao Lumiar, o Tio manel estava a ouvir Zeca Afonso, baixinho. Nunca mais me vou esquecer das palavras dele: "Gostas? Eu também, mas não podes contar a ninguém que ouvimos estas músicas, prometes?"
É assim. É bom poder agora cantá-las, nem que seja aos berros, sem medo, com orgulho.
25 DE ABRIL SEMPRE!!!

Pat disse...

Deixo-te aqui o link de uma música do Adriano Correia de Oliveiraque me marcou muito. Lembro-me muito do Tio Hermínio quando a oiço. Como sabes ele morreu em Angola, durante a Guerra Colonial, muitos de vocês não o conheceram, mas eu ainda me recordo do sorriso dele, bonito, carinhoso.

http://www.youtube.com/watch?v=KRVNbVeXq0M

Huckleberry Friend disse...

Obrigado, querida prima. São ideais que defenderemos sempre (olha ainda há dias...)