sábado, 15 de maio de 2010

O último voo da codorniz


Elton John, My lady d'Arbanville

I'll always be with you
This rose will never die
This rose will never die

Há quatro meses paradas na entrada n.º499, estas codornizes recebem ordem de soltura, hoje, ao meio milhar. Vão por aí acima ter com a Ana Lobo da Costa, que saberá tomar conta delas com a doçura, a joie de vivre e a dignidade que ensinou, sem nada querer ensinar, a todos quantos tiveram a sorte de cruzar o seu caminho e reparar no muito que tinha para oferecer.

Revivi ontem, num copo de vinho verde, a frescura de um champanhe e de umas flores que apareceram no hospital - provavelmente mandadas de outro - no dia em que a minha filha Helena nasceu. Voltei a ouvir a sua voz, como tantas vezes no Baleal (das cartadas à marcha popular, das picardias de bola e política aos rissóis do Verão passado), ao telefone, até no Facebook! Em dias felizes e outros menos, por entre confidências, disse-nos que gozássemos tudo, tudo, tudo. E pôs os outros à frente, até nas vezes em que tinha mais do que direito de pensar só em si mesma.

Não planeei um fim para este ninho, mas faz sentido mandá-lo desta para melhor, no sentido literal, na boa companhia de quem muito o frequentava e tão quentinho o tornou. Amiga Ana, fica consigo o agradecimento a todos os que passaram por aqui. Um beijinho e até sempre.

7 comentários:

M. disse...

oh pedro. deu-nos a todos para o fim, não foi?

até sempre. beijinho grande de quem muito te leu

Maria disse...

Pode ser que voltes. Quando te baterem as saudades...

Beijo.

Mário disse...

Talvez o fim não seja o fim e ainda
haja mais qualquer coisa além do fim.
Talvez ao fim da noite que não finda
haja um dia sorrindo para mim.


Torquato da Luz

Pois é, Querido Filho. Tudo tem um fim que não é necessariamente "o fim", mas apenas a vírgula que separa as frases, o hífen que muda o discurso, o ritual que divide os karmas. O Codornizes foi um "must" que vale a pena reler, digerir, sobre o qual reflectir.

É muito bonito associares este epílogo à Ana. Nunca me esquecerei de um telefonema, há muitos anos, a dizer-me: "mário. Queria falar consigo porque tenho um cancro, e precisava de desabafar, de ouvir, de entender, de lutar. Tem tempo?".

Arrepio-me ainda, ao relembrar estas palavras. E na conversa prolongada e sincera que tivemos aprendi muito. Sobretudo em humildade, força, lucidez e afectos.

Que as Codornizes voem sobre vale e montanhas, que redescubram o azul do mar, e que se redescubram a elas próprias - ninhos já deixaram um pouco por todo o lado.

Auguri!

Anónimo disse...

.
Caro Pedro:

Como dizia o Torquato, 'o fim não é o fim' pelo que não digo adeus às Codornizes, mas um 'até qualquer dia'.

Um grande abraço!

João Paulo Cardoso disse...

Pedro, muito obrigado por tantos e tão bons momentos de leitura.

Posso continuar a ler-te por aí, quem sabe naquela revista com sotaque de Carla Bruni?

E quando é que a nova administração inicia funções?

Um abraço e até sempre!!

P.S:
""O Eldorado" é das poucas casas de petiscos a manter porta aberta, apesar da crise.

Continua a passar por lá e leva amigos!!!

catuxa disse...

Querido primo, tudo tem o seu tempo e razão de ser. Se esta porta se fecha, que se abra uma janela. Conhecendo-te, estou certa de que é o que acontecerá, pois ainda tens muita riqueza a distribuir pela blogosfera... e não só. Felicidades!

Anónimo disse...

Quando volta?