quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O voo da codorniz (XXXIV)

Planalto das Cesaredas, Lourinhã, Portugal

Terra de passeios por entre pedras, de pão por entre pedras, de cavalos por entre pedras, de febras, de castanhas, de água-pé por entre pedras. Caminhantes às dezenas, por entre pedras, como numa procissão a santo nenhum, sem mais deus do que o prazer de andar, olhar, sentir.

Céu azul de encomenda, o Verão de São Martinho a proporcionar o constraste perfeito com o verde-escuro dominante e o cinzento - perdão, os cinzentos, pois que a gama é vasta - da pedra que aflora por toda a parte. Surge a meio de uma verda, encostada a uma casa ou no meio de um pátio onde os miúdos brincam e alguém teve a boa ideia de instalar luzes. Havemos de cá voltar.

Há quem diga que o caminho se faz caminhando e este abre-se-nos a cada passo, com vontade. Inflecte, às vezes, por um desvio improvável, uma descida até a um ribeiro com ancestrais estruturas hidráulicas, uma subida que nos deixa aos pés de um moinho eólico. No fim, o consolo do repasto, do convívio e uma sensação efémera, mas gloriosa: quem chegou até aqui pode chegar onde quiser.

2 comentários:

Virginia disse...

Muito bem escreves...porque não tentas um romance histórico???

Li esta semana o Equador - gostei e não gostei, deixou-me uma mescla de sensações, tem partes muito boas, outras um pouco ingénuas e talvez menos bem escritas, mas é um romance com fôlego e que se lê de fio a pavio, o que hoje em dia, já não há muitos. Estou com interesse em ler Rio das Flores.

Tenho pena de não guiar e de por isso estar limitada em espaço. Gostava de conhecer mais recantos de Portugal, mas os transportes são maus.

Na próxima semana - dia 1 - vou para Leeds e aí poderei eventualmente dar um salto aos Dales, Yorkshire, Cambridege, etc....:))

Bjo

Huckleberry Friend disse...

Que maldade, Tia! A incitar ao pecado mortal da inveja tão perto de uma época santa... boa viagem, que seja tão verde como o meu passeio! Beijos.