quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Courrier Internacional n.º 155


Os festejos atrasaram a divulgação mensal da revista em que trabalho e impedem, por enquanto, que vos dê a conhecer a belíssima capa do n.º 155 do Courrier Internacional. Acreditem, todavia, que vale a pena olhar para ela nas bancas. Tem força e, mais importante, não é enganadora quanto ao conteúdo que o leitor irá encontrar no interior da publicação.

O tema central é a queda das civilizações. O mundo tal como o conhecemos poderá desaparecer sem deixar rasto? Como e porque soçobrou a sólida Babilónia? Que impacto terão nisto tudo as pandemias e as questões ambientais. Como sempre, fomos procurar respostas nos melhores jornais e revistas do mundo.

Há mais assuntos para ler nesta edição: pirataria na Somália, novas formas de captar energia solar, problemas com retretes e esgotos, o fim das certezas na economia, o testemunho de uma vítima de lobotomia e, na secção dos insólitos, sugestões para os últimos presentes, que poderá oferecer até ao Dia de Reis.

É preciso dizer que a revista actualmente nas bancas é a última que fizemos sob a direcção de Fernando Madrinha. Por se tratar de um jornalista com quem aprendi muito, quer no plano profissional quer no pessoal, por ser um homem de fino trato, fino gosto e finíssimos gestos e, acima de tudo, um bom amigo e dos melhores seres humanos que conheço, deixo-lhe aqui uma singela homenagem e um sentido abraço.



REM, It's the end of the world
as we know it (and I feel fine)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XVII)

Há certezas que, por mais consolidadas que as tenhamos, conseguem sempre sair reforçadas. Como esta, hoje confirmada ao ver um mar que ora é de Verão, ora é de Inverno e que nem sempre segue o que dita o calendário. A que agora vivemos é mesmo uma estação maravilhosa.


Andy Williams, It's the most wonderful time of the year
(o vídeo dos estrumpfes quase dava outro Baú das Codornizes...)


It's the most wonderful time of the year
With the kids jingle belling
And everyone telling you "Be of good cheer"
It's the most wonderful time of the year

domingo, 28 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XVI ½)

Não resisto... ao fazer a entrada anterior, deparei com isto. É de chorar a rir!


Bob Rivers, Walking 'round in women's underwear

Lacy things, the wife is missin'
Didn't ask, her permission
I'm wearin' her clothes
Her silk pantyhose
Walkin' 'round in women's underwear


In the store, there's a teddy
Little straps, like spaghetti
It holds me so tight
Like handcuffs at night
Walkin' 'round in women's underwear

In the office there's a guy named Melvin,
He pretends that I am Murphy Brown
He'll say, "Are you ready?" I'll say, "Whoa Man!"
"Let's wait until our wives are out of town!"

Later on, if you wanna
We can dress, like Madonna
Put on some eyeshade
And join the parade
Walkin' 'round in women's underwear

A carol a day keeps the doctor away (XVI)

Há canções que, não fazendo qualquer referência ao Natal, acabam por ficar associadas à quadra. São disso exemplo Let it snow!, Baby it's cold outside e, claro, a contemplada de hoje. Há desta faixa centenas de versões. Gosto muito da dos Eurythmics, que já passou por este ninho, mas a que prefiro é mesmo a que canto no carro com quem de direito. Como essa nunca foi gravada (et pour cause...), trago-vos outra voz inconfundível.


Macy Gray, Winter Wonderland

sábado, 27 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XV)

Quebremos a quasi-hegemonia anglófona dos últimos dias. Segue-se uma das mais bonitas canções portuguesas de Natal, que me lembro de ouvir o Tio Manuel Porto cantar, com ar angelical, nos velhos Natais do Restelo. Também cá em casa se canta o Natal de Évora, terra onde é bonito ir nesta quadra e passear sob as arcadas cheias de música. Este ano não rumámos a Sul, mas ouvimos este e outros cânticos na Igreja de São João de Brito, num belíssimo recital no passado dia 12.

A versão que escolhi, conquanto bela, omite uma quadra que fez história em casa amiga. Era assim a dita:

O Menino está dormindo
Nos braços da sua Mãe
Os anjos estão cantando
"Que gracinha que ele tem"

Sucede que havia, na casa de que vos falo, uma menina Maria da Graça, Gracinha, ainda criança. Ao ouvir esta quadra, ficava meio "sem graça". É que ela tinha uma irmã bebé, de seu nome Margarida, e não lhe parecia bem dizer-se, sobre o Salvador, "que gracinha que ele tem", excluindo a benjamina. Vai daí, solucionou o dilema com uma alteração à letra, que passou a ser:

Os anjos estão cantando
"Que guidinha que ele tem"

Um abraço, caro Francis, para ti e todos os teus, por esta e outras histórias!


Coral Évora, Natal de Évora
(na Igreja de Santo Antão, 2007)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XIV)


Pela primeira vez em 30 Natais, comprei um presente para mim. Comecei a contar a história há dias, mas, para abreviar razões, cá vai: havia uma cassete de que eu gostava muito, com crianças a cantar carols. Deram-ma os meus pais, quando vivíamos em Oxford, e muitas daquelas canções eram as que nos ensinavam na escola.

Um dia, a cassete sumiu da gaveta onde a ia buscar todos os anos... e nunca mais ninguém a viu. No início deste mês, ao assumir a minha natureza periódica de carol-junkie, tentei que a Net colmatasse a impossibilidade de reaver o artefacto perdido. Não me lembrava do nome do coro, só do título do álbum. Mas Christmas for everyone é, convenhamos, uma expressão comum, que está nos votos natalícios de meio mundo. Quando a googlei, os resultados eram asfixiantes.

Lembrava-me, por sorte, de que o disco tinha duas músicas que não aprendêramos na escola. Eram originais. E se o nome de uma delas era o mesmo do álbum - inútil, como vimos, para efeitos de pesquisa -, a outra dava mais alento. Conduziu-me aos leilões do eBay, onde encontrei o tesouro perdido e fiz um lance vitorioso.

Vinte e dois anos depois da primeira audição, a cassete sumida torna-se LP, o nome do coro de uma escola católica de Stockport ressurge do emaranhado das sinapses, as vozes lindas e as orquestrações renascem como se as tivesse ouvido ontem.

Autopresentear-me talvez não seja muito do espírito da quadra, mas não me arrependo nada. Até porque a dádiva pode ser partilhada. Com as meninas cá de casa, que adoraram. Com a minha irmã, que gostava como eu da história do Little Donkey que leva Maria gravidérrima até Belém. E convosco, dando a ouvir duas canções que não encontrarão noutro lado: as que permitiram alcançar o fim da gesta.



Saint Winifred's School Choir, In a lowly stable



Saint Winifred's School Choir, Christmas for everyone

Boas Festas, everyone!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XIII) / Baú das codornizes (XV)


Peter Auty, Walking in the air (do filme The snowman)

Foi a descoberta do Natal dos meus oito anos: a história do miúdo que faz um amigo com quem vive um sonho muito real. A música, cantávamo-la na Saint Nicholas First School. Na altura divertia-nos, hoje arrepia-me. Pelas memórias que evoca, por sentir na pele o frio da primeira neve de Oxford, pela pureza da voz de Peter Auty (vale a pena pesquisar na Net este nome, tal como os de Aled Jones, Paul Miles-Kingston e Joseph McManners). Há dois anos, em Londres, ofereceram-me um CD com a história e a música. No ano passado, a cara-metade mandou-me este presente via blogosfera. Desta vez, sou eu quem vo-lo oferece.

sábado, 20 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XII)

O concerto de Natal das Equipas de Jovens de Nossa Senhora - na igreja de Santa Isabel - tornou-se, desde há uns anos, local de encontros e reencontros, contemplação e amizade. A selecção musical esteve irrepreensível, os arranjos e orquestrações notáveis, as vozes eram afinadas e, às vezes, até apetecia ouvi-las mais alto. Destaques individuais para o barítono que cantou O holy night, para o fadista Peu e para a diva que, apesar das promessas em contrário que lhe ouvi no intervalo, acabou mesmo por cantar O happy day, um de três encores que o público acompanhou com entusiasmo. Adorei a ceia e a venda natalícia, além da companhia, que este ano foi enriquecida.

Sem possibilidade de vos trazer sons da noite de ontem, aqui fica um dos temas que ouvimos, aqui na voz de Lauryn Hill.


Oh Happy Day - Lauryn Hill

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (XI)

Moinhos da Pinhoa (foto de SK)


De novo o Natal em português, desta feita no mais português dos géneros musicais. Senhoras e senhores, silêncio, que se vai cantar o fado...

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Alfredo Marceneiro, O Natal do moleiro

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Batem leve, levemente...

...à porta deste ninho.
O que procuram?


calipso com titulo aparece meu amor
ao fim de ano e picos, o surrealismo chega ao ninho

frase de abertura a dama e o vagabundo
da abertura não me lembro, mas sei qual é a minha cena favorita!

ney pereira wiseupHá para aí alguma confusão... Wise up é da Aimee Mann. Do Ney temos a Balada do louco. Já o Pereira (Júlio? Fernando? Nuno ou Gonçalo da Câmara?) suponho que seja só para disfarçar.

de abobora faz melua
...da melua fiz viola, fum fum fum que eu vou para Angola!

encontrar instrumental fungágá
José Barata-Moura até merece uma menção aqui no blogue, por ter preenchido muitas tardes da minha infância. Eis o Fungagá, mas em versão completa. Para outros carnavais ficarão o galo Badalo, a galinha Balbina, o pinto Jacinto e o peru Gluglu, a família dos Tortugas, o papagaio Caio, a Dona Vicência Sampaio e a sua grande amiga, Dona Carlota Bexiga, o macaco Zacarias e o compadre Chimpanzé, o cão Dom Pantaleão e o cão apenas Cão.

possamos ouvir ao vivo
Duvido que voltemos a ouvir Barata-Moura ao vivo, mas eu cá tive essa sorte, no Pavilhão dos Desportos (pré-Carlos Lopes), há mais de 20 anos!

chapéus da alicia keys c/ cabelo
Roubar-lhe um chapéu talvez fosse exequível... agora, com cabelo?! Parece-me um bocado nojento e duvido que a rapariga ficasse bem só com o escalpe.

quatro caminhos de serviço de courrier
Às vezes vou de metro e comboio, outras de carro, e, neste caso, ora pela Marginal, ora pela A5 - saindo, alternadamente, no nó do Estádio ou na rotunda de Porto Salvo/Cacém. Já o Courrier saiu todos os meses, na última sexta-feira.

pato donald em dia das bruxas
Nunca vi, mas está aqui. Por pouco que da abóbora não fazia meloa... Mais no espírito da quadra, recomendo o natal do mickey, baseado na história de Charles Dickens (vejam aqui as partes I, II e III).

quem fica até tarde no msn?
Quem não tem programa melhor... agora a sério, só quem lá fica é que sabe quem mais lá está!

quanta paz quanta luz
Aproveita enquanto durar...

www.gostasdisto.com
www.nãogostasdisto.nãocomas

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Bonne chance!


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (X)


Crash Test Dummies, The First Noel

Then let us all with one accord
Sing praises to our heavenly Lord
That hath made Heaven and earth of nought
And with his blood mankind has bought

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Natal dos Simpsons


Christmas, curta-metragem dos Simpsons exibida no Tracey Ullman Show há 20 (!) natais

sábado, 13 de dezembro de 2008

Hoje à tarde voltei a ter 12 anos


Guns 'n Roses, Sweet Child o' Mine (live at the Ritz)


Obrigado, Miguel!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (IX)


Natal em português

Para lembar ao Miguel que não é só em Inglaterra que há meninos de coro afinadinhos, embora os de lá sejam os preferidos dos meus ouvidos...




Coro de Santo Amaro de Oeiras, A todos um bom Natal

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (VIII)

Porque o Natal não são só renas...



Kylie Minogue, Santa Baby


Been an angel all year
Santa Baby,
So hurry down the chimney tonight

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (VII)

Devo à falta de inspiração para outro assuntos, que me aprisionou numa esfera de música de Natal, a alegria de reencontrar uma canção que não ouvia há muitos anos. Estava numa cassete que os meus pais me ofereceram em Inglaterra e que eu ia buscar, todos os anos, no início de Dezembro, à gaveta do escritório onde sabia que ia encontrá-la.

"Mas veio um dia e não cantou / outro e mais outro e não cantou". Ou melhor, veio um dia em que a cassete não estava na gaveta, e nunca veio outro dia em que voltasse a estar. O encontro fortuito com este carol (noutra versão, quase tão boa como a que perdi) devolveu-me a esperança de recuperar a dita cassete. Para já, descortinei-a no eBay, em versão LP, e fiz um lance. Desejem-me sorte e prometo pôr aqui qualquer coisita.


Young Wexford Singers Children's Choir, Calypso carol
Shepherds swiftly from your stupor rise
to see the Saviour of the world

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (VI)

Vejo o Natal em tons de verde e vermelho, com notas douradas (poucas) aqui e além. Mas gosto de ouvir cantá-lo branco e o que desejo, mesmo, é que cada um viva a quadra na cor que mais lhe aprouver. Porque não o azul, a lembrar que nem durante as Festas tudo é alegria? Vá, para que também não sejam só tristezas, escolho uma interpretação capaz de vos arrancar um sorriso.


Porky Pig (voz de Mel Blanc), Blue Christmas

Decorations of red on a green Christmas tree
Won't be the same, dear, if you're not here with me


NOTA: Dito isto, não gosto nada da mania de encherem as ruas de decorações azuis e brancas, sobretudo umas que são branco a atirar para lilás. Dão um ar frio que não identifico com o espírito do tempo. E das bolas da TMN nem falo, por decoro.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (V)

Doménikos Theotokópoulos "El Greco",
Anunciação (1569)


Homenagem de um ateu ao dia da Imaculada Conceição, que por acaso (ou não) até foi muito bem passado... boa pintura e boa música, no caso El Greco e um carol religioso de 1661. A virgin unspotted foi publicado no livro New Carolls for this Merry Time of Christmas. Cantei esta canção, com muitos miúdos, há 20 Natais. Fazia parte da banda sonora do Nativity play, que representámos no Queen Elizabeth's School. A mim, que até tenho espírito natalício, calhou-me ser o Rei Herodes. Foi divertido e correu bem, ou não fôssemos orientados por excepcionais professores: Miss Madalena e Mister Rolim. No caso improvável de lerem esta entrada, deixo-lhes um abraço de Bom Natal.


A virgin unspotted

domingo, 7 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (IV)

Natal à luz das velas, ou quase.

Natal à luz de azevias e lemon curd, bolo-rei e queijo de Seia, sonhos e compota de pera vinho verde e empada de pato, paio e lemon curd, pão e doce de abóbora, vinho tinto e folhados de farinheira com espinafre, scones e doce de batata-doce, coscorões e queijo terrincho, tostas e marmelada. Natal à luz de abraços e conversas, gargalhadas e memórias, obras de arte e picardias, espanta-espíritos e ovelhinhas, livros e bebés, canções baixinho e poucos candeeiros, licores por provar e lindos pratos de papel.

Natal à luz dos amigos.

E uma música de Natal com velas e bebés. Escreveu-a John Rutter, em 1984, e canta-a, aqui no ninho, o melhor Fantasma da Ópera com que Andrew Lloyd Webber alguma vez contou.


Michael Crawford, Candlelight Carol

How do you capture the wind on the water?
How do you count all the stars in the sky?
How can you measure the love of a mother,
or how can you write down a baby's first cry?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (III)


Alvin and the Chipmunks, The chipmunk song (Christmas don't be late)

Hoje, trago-vos uma canção infantil. O Natal é uma festa de família e, por isso mesmo, uma festa das crianças. Os únicos seres, de resto, que conseguem gostar do timbre destes esquilos-cantores, que há 50 anos fazem as delícias da pequenada.

Escrita e cantada (!) por Ross Bagdasarian Senior, americano de origem arménia que criou os deliciosos Alvin, Simon e Theodore, foi a única música de Natal a chegar a n.º1 da Billboard. Vendeu quatro milhões de meio de singles é de tal forma um clássico que até outros esquilos bem famosos - Tico e Teco, da Disney - fizeram um cover desta canção, com o Pato Donald a fazer a voz de fundo.

O tema regressou aos tops no ano passado, por ocasião do filme dos esquilos (animado por computador), numa versão moderna e rockalhada. Noutra canção lançada este ano, Ho ho ho, do disco Undeniable, Alvin diz que quer receber um iPod, em vez de um hula-hoop. Sinal dos tempos? Prova de que tudo tem de mudar para poder ficar na mesma? Pouco importa... é um gozo ouvir estes esquilos e imaginar o que outros irão pedir, em breve, ao Pai Natal!



Alvin and the Chipmunks, The chipmunk song (Christmas don't be late) 2007

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (II)

Um Natal índio


Heather Dale, The Huron Carol

Expliquemos o que se pretende com a secção natalícia deste ano: pouco inspirada que anda a pluma da codorniz, o melhor é encher o ninho de música própria da quadra. Dado que escapar ao óbvio está-nos no ADN (ou devia!), tentaremos trazer coisas menos conhecidas ou interpretações insólitas do que é mais corriqueiro. Claro que, uma vez por outra, não escaparemos àquelas melodias que estão no ouvido de todos. Perdoe-se-nos o apego a certas versões irresistíveis; defendamo-nos chamando-lhes clássicos.

The Huron Carol foi composto em 1643 por São João de Brebeuf (1593-1649), jesuíta que andou pelo Canadá a evangelizar índios. A recuperar de uma clavícula partida, recriou uma canção chamada Une jeune pucelle, para transmitir o espírito do Natal ao povo huron (também conhecido por wendat). Por isso, a música é chamada, por vezes, The Indian Carol.

A letra foi escrita directamente em idioma huron, com o título Jesous Anhatonhia (Jesus nasceu). Celebra o nascimento de Cristo, que liberta o povo dos espíritos que o escravizavam, e descreve a típica cena do presépio, com os magos e demais adoradores. A canção foi, no século XX, traduzida para francês e inglês, por Jesse Edgar Middleton (as três línguas estão na faixa que escolhemos).

A versão inglesa é algo diferente da indígena, mas mantém elementos da tradição canadiana. Nascido ao luar de Inverno, Jesus é embrulhado numa pele de coelho e os magos trazem-lhe peles de raposa e castor, em vez de ouro, incenso e mirra. Deus é designado por Gitchi Manitou, termo utilizado pelos índios algonquinos. Já a letra francesa é mais aproximada à original.

Morto numa revolta da tribo iroquois, João de Brebeuf foi canonizado, em 1930, pelo papa Pio XI. Ao ouvir o seu carol, que descobri hoje, tiro-lhe o chapéu.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A carol a day keeps the doctor away (I)

Santa Claus, ilustração de Thomas Nast
para a Harper's Weekly (1863)



Bing Crosby and The Andrews Sisters, Here comes Santa Claus

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Courrier Internacional n.º 154

Saiu na sexta-feira mais uma edição do Courrier Internacional. As crescentes semelhanças entre robôs e seres humanos constituem o tema de capa deste número. Promissoras? Huxleyescas? Os textos que seleccionámos permitirão a cada um tirar as suas conclusões, mas, pessoalmente, embora haja coisas que impressionam, não me parece que haja motivo para grandes medos. O melhor é comprarem a revista, para terem a certeza...

Até porque há outros assuntos de interesse. Sabia, por exemplo, que os franquistas quiseram invadir Portugal durante o PREC, e que até se foram oferecer a Kissinger para levar a cabo tal tarefa, ciosos das criancinhas (incluindio niños y niñas) que os comunistas comeriam ao pequeno-almoço, mas os fascistas não? Alguma vez pensou como funciona o Banco Central da Palestina? Já reparou na quantidade de futebolistas italianos que andam a adoecer? Irritou-se quando a hora mudou e passou a anoitecer mais cedo? Gostava de ir à Luisiana? Se sim, desembolse 3,5 euros, que nem é muito, e leia os melhores textos da imprensa de todo o mundo.

Ah, é verdade! Este mês trazemos, como bónus, as memórias de John LeCarré, dos tempos em que foi espião ao serviço de Sua Majestade. Se o que está para trás não convenceu, isto deve chegar para desfazer dúvidas, não? Vá lá, pessoal, é Natal!



Lena d'Água e Salada de Frutas, Olhó robô