quinta-feira, 5 de junho de 2008

O piano que tocava sozinho

Terceira parte das memórias da Bela Vista. Leia a primeira e a segunda.


Voltei ao Rock in Rio - na edição de 2004 - há exactamente quatro anos, após dois dias em que o programa seduzia menos. A 30 de Maio, cantaram, entre outros, Foo Fighters, Evanescense e um tipo chamado Charlie Brown Junior que vi urrar na TV. A 4 de Junho, Incubus, Sepultura, Slipknot e Moonspell, nenhum deles santo do meu altar. Tive pena de não ver Metallica, que tão-pouco verei este ano, mas a onda daqueles dias não era, claramente, a minha... a não ser na Tenda Raízes, por onde passaram os interessantes Angélique Kidjo (Benim), Terrakota (Portugal), Manecas Costa (Guiné-Bissau), Gaiteiros de Lisboa (Portugal), Souad Massi (Argélia, uma fadista magrebina que me maravilhou, mais tarde, em Loulé) e Faltriqueira (Galiza). Paciência, não se pode ter tudo...

E, porque não se pode ter tudo, no dia 5 chegámos tarde para ouvir Nuno Norte (prova de que os programas televisivos de caça-talentos não são completamente inúteis). Quanto entrámos na Bela Vista, já o inenarrável João Pedro Pais ocupara o palco. Desculpem, sou alérgico. Tenho-o na conta de um tipo simpático, mas a música é abaixo de cão. A sério, faz-me mudar de posto de rádio. Ainda escutámos alguns acordes do franco-vietnamita Nguyen Lê, nas Raízes, antes de pôrmos as ancas a dar a dar ao som das Sugababes. Chapa um, mas giras e divertidas.


Sugababes, Round round
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 5 de Junho de 2004)

A estrela cadente que hoje é (e já então era, mas menos gente sabia) Britney Spears foi a senhora que se seguiu. Hora de jantar para nós, claro... mas sem resistir a dar uma espreitadela. Lá estava a miúda, envolta em látex preto e a descuidar-se no playback. Falava com o público enquanto a sua voz gravada cantava, levantava-se do piano e este continuava a tocar, uma alegria! Foi a Amy de 2004, igualmente má profissional, mas mais banal e sem a qualidade musical que a outra tem quando não está toda marada.

O consolo veio com uma banda que não conhecia, de seu nome Feijão Frade (lol), numa altura em que o nosso grupo fora enriquecido com primos, amigos e alguns litros de cerveja. A música chama-se "Tá calado", mas era a última coisa que queríamos que eles fizessem...


Black Eyed Peas, Shut up
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 5 de Junho de 2004)

A faina terminou num ritmo ainda mais acelerado. Por todos os motivos acima expostos e porque foi Daniela Mercury a encerrar a noite. O que a mulher dança! E o que a gente dança quando ela canta! Fecho o capítulo com uma música de muitos Verões e muitas cumplicidades. Curiosamente, uma canção sobre Caetano e Gil, que ontem passaram aqui pelo blogue. E sobre a mãe de Caetano e Bethânia, a ilustre centenária Claudionor Viana Teles Veloso (Dona Canô), a quem dedico - e porque não? - esta entrada.


Daniela Mercury, Dona Canô
(ao vivo no Rock in Rio Lisboa, 5 de Junho de 2004)

3 comentários:

Sofia K. disse...

Diz-me que tu não te lembras de tudo isto de cor, estou a sentir-me mal!!! Nem lembro metade!

Adorei este dia, saudades dessas companhias perdidas!

beijinhos

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

ufa!

que memória!

beij

Huckleberry Friend disse...

Tenho cábulas... a maior delas chama-se Google, para ajudar a recordar programas e alinhamentos. Mas as nossas historietas, partes gagas e sensações ficaram gravadas na memória ;)